A PRIMEIRA AULA DO NOVO IMPERADOR

-Sensei Kyrios, obrigado por me receber. Espero ansiosamente por suas aulas, Clóvis falou muito bem de você.

-A honra e prazer são inteiramente meus. Tenho algum interesse em você desde a crise na arena há 5 anos, meu imperador. E meus parabéns pela sua recente coroação.

-Ah, sim, obrigado. O incidente na arena foi um desfecho favorável, embora eclipsado pela devastação em Ashbel. Mas estou aqui por outros motivos.

-Sua filha, Lucian, guerra, dever, amor?

-Você está sempre bem informado assim ou sou um caso especial?

-Tento sempre estar, especialmente no seu caso, meu imperador. Aliás, meus parabéns em não deixar minha natureza dracônica impedir-lhe de vir aqui. Dado o fato do espírito de Lucian controlar sua filha, a guerra civil que ele iniciou em Drakazin, uma segunda tentativa de apoteose, seria de se esperar que você deteste dragões como dizem.

-Hã, digamos que Clóvis foi muito persuasivo sobre o que você poderia oferecer à situação.

-É mesmo? Eu não sabia que ele podia ser tão persuasivo assim.

-Ele não pode. Por mais que consiga deduzir e prever pessoas, ele não é bom em lidar com elas. Mas...eu nunca havia visto ele se esforçar tanto em ser persuasivo com alguém, o que provavelmente me convenceu mais do que se ele fosse bom nisso.

-Ah. Mas voltando à situação, há uma informação que me falta. Sua ambição em ser eleito imperador foi deveras súbita e incomum de sua parte, mas me parece decorrer dos eventos de 5 anos atrás. Minha dúvida é: você buscou a Coroa Boreal para ter o poder de resgatar sua filha, usando o império para tal, ou você está preocupado em defender o império de Lucian, apesar do risco em perder sua filha definitivamente para ele?

-Esta é uma dúvida horrível de se ter sensei. Digo isso por que ela já me manteve acordado muitas noites, e eu próprio ainda não concluí nada.

-Então tornaremos isto parte de sua educação meu imperador, e descobriremos como tornar tais objetivos equilibrados e complementares ao invés de mutuamente exclusivos.

-Eu agradeço muito, sensei, mas insisto que meu foco aqui é compreender coisas que lidei durante a crise sombria, e ainda não entendo direito.

-Como as razões da entidade "Sombra" buscar eliminar relações entre suas vítimas e os demais para então consumi-las?

-Exato.

-Ela apenas precisava separar cada alma da malha de ley que a mantém. Afinal, o que é o potencial de uma pessoa sem suas relações?

-Malha de ley? Relações? Como?

-O que há de tangível nesta Criação depende de fundamentos intangíveis baseados na hexessência, mas estamos pulando degraus aqui meu imperador. Lembre-se que a impulsividade de sua filha em roubar um artefato dracônico causou tudo isto, e vamos começar sua educação de elementos mais simples do que o sexto. Mesmo considerando que ele foi o primeiro a surgir.

-Sensei, com todo o respeito, eu aprendi que no campo de batalha, às vezes uma boa liderança é apenas tomar a iniciativa, correr na direção do inimigo e despertar as tropas do transe da hesitação.

-Eu concordo com sua experiência em comandar, mas ainda não estamos no campo de batalha, e toda analogia tem seus limites. Acomode-se, meu imperador, pois sua educação recomeçará agora.